Exposição e livro resgatam história da Livraria do Globo de Porto Alegre
Quem não aprecia uma bela capa de livro? Pois contar a história da Livraria do Globo tendo como ponto de partida a sua produção gráfica foi a genial ideia da crítica e historiadora de arte Paula Ramos, que assina a curadoria da exposição “A modernidade impressa – Artistas Ilustradores da Livraria do Globo” (aberta no Museu de Arte do Rio Grande do Sul até 21 de agosto).
A mostra é puro encantamento. Resgata obras e imagens originais e reproduções dos principais artistas ilustradores que trabalharam na Livraria do Globo na primeira metade do século XX. São ilustrações, imagens impressas, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas. As imagens que integram a exposição são oriundas de coleções públicas (Margs; Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura de Porto Alegre; Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS) e privadas (Fundacred; coleções particulares).
Poucos sabem que a Livraria do Globo, fundada em 1883 como uma simples papelaria, chegou a ter uma seção exclusiva de desenho, sob a gerência do designer alemão Ernst Zeuner (1895–1967). Entre os ilustradores contratados estavam alguns dos principais nomes do cenário artístico de Porto Alegre: Sotero Cosme (1905–1978), João Fahrion (1898–1970), Edgar Koetz (1914–1969), Nelson Boeira Faedrich (1912–1994), João Faria Viana (1905–1975), João Mottini (1923–1990), Roswitha Wingen-Bitterlich (1920-2015) e Vitório Gheno (1923). Algumas das influências artísticas perceptíveis nos trabalhos que esses artistas fizeram para a editora são a Bauhaus e o construtivismo russo.
O período que está contemplado pela exposição estende-se basicamente entre os anos de 1920 e 1950. Entre as décadas de 1930 e 1950, a Globo viveu seu auge, tornando-se uma das três maiores casas editoriais do Brasil, disputando com a Companhia Editora Nacional (SP) e a José Olympio Editora (RJ). Foi um período de grandes traduções no qual a editora criou também um departamento de tradução coordenado por Erico Verissimo.
Além das capas dos livros, artistas e tradutores trabalhavam para as revistas mantidas pela editora: a Revista do Globo, Almanaque, A Novela e A Província de São Pedro. Segundo está explicado no material de divulgação da exposição, “os artistas criavam capas, ilustrações, vinhetas, identidades visuais, num trânsito entre artes visuais, artes gráficas e design. Suas imagens, de grafismo irreverente, forte apelo cromático e composições que dialogam com a linguagem dos cartazes, exalam frescor e modernidade e estão entre as mais arrojadas do período, indicando que a modernidade visual iniciou, no Rio Grande do Sul, pela imagem impressa”.
A mostra foi acompanhada pelo lançamento de um livro em formato 30x 24cm, com 656 páginas e mais de 1,3 mil imagens. O livro está organizado em cinco capítulos: 1)A Livraria do Globo; 2) A Revista do Globo; 3) A Seção Editora; 4) O fabuloso universo dos livros infantojuvenis; 5) A tessitura da imagem. A obra é resultado das pesquisas de mestrado e de doutorado da autora, desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, a publicação ficou a cargo da Editora UFRGS e teve o patrocínio da Petrobras (edital Petrobras Cultural 2012 – Memória das Artes).
Obs: É uma pena que somente Porto Alegre tenha a oportunidade de visitar esta exposição! Fica a dica para que instituições culturais levem a mostra para seus Estados 😉
SERVIÇO: A modernidade impressa: Artistas ilustradores da Livraria do Globo – Porto Alegre
Livro: Editora da UFRGS, 656 páginas, R$ 180.
Exposição: de terça a domingo, das 10h às 19h, até 21 de agosto. Margs (Praça da Alfândega, s/nº), em Porto Alegre. Entrada gratuita